Friday, May 22, 2009

O Último Chamamento


Vezes sem conta nos queixamos dos infortúnios, sejam eles quais forem. Pseudo-rebeliamo-nos contra todas as injustiças e tiranias com que nos deparamos no dia-a-dia, algumas das quais nos tocam profundamente no âmago com provocações sarcásticas e atrozes, deixando para trás cicatrizes irregulares, que se reabrem em fétidas feridas pungentes, cuja solução última não é mais senão o corte radical da gangrena que nos infecta sem dó.

No meio do queixume ensurdecedor, qual muro das lamentações de exacerbadas práticas, eis que há um ser que se levanta e se debate heroicamente contra o estoicismo e a prepotência altiva das elites, com nobre pretenção do bem colectivo, da justiça cega e maternal, como quem sempre ama o próximo e perdoa os faltosos, mas se mantem firme nos seus principios.

Esse ser, solitário errante por desconcertantes caminhos replectos de ciladas escondidas, ergue a sua voz, como quem chama por nós e nos ordena " caminhai, pois o caminho da luz te levará à liberdade e ao paraíso". O seu chamamento inconsequente faz lembrar a última águia real do Parque Nacional Peneda-Gerês, que indiferente à sua solidão, ou talvez num estado de negação, daquele que sabe mas não sabe, que é a recusa consciente para perceber o facto perturbador, que retira do seu ser não só a percepção necessária para lidar com os desafios externos, mas também a capacidade de valer-se de estratégias de sobrevivência adequadas, continua com atitude heróica ou estúpida teimosia a ecoar por vales e montes o chamamento do seu par, do seu parceiro de vida, com quem prosseguirá a continuidade da espécie, com quem atravessará o vale da morte e consiga a salvação única, o remedeio de todos os nossos males, a nossa sã sobrevivência.

Tal não existe. A sobrevivência, ou antes, a vivência da vida que é bela e com sentido de ser, depende unicamente de cada um de nós, de cada um dos nossos seres mais íntimos, do que buscamos na vida e procuramos em nós próprios. Olhamos o exterior e apontamos o dedo, afirmando com a certeza de inquisidores que lançam bruxas na fogueira da morte, que a culpa lá está, exterior aos nossos poderes e raios de acção. Esquecemo-nos, porém, que a felicidade suprema, o prometido paraíso, não é uma falácia de Deus, mas um erro dos homens, que teimam em olhar para fora quando deviam olhar para dentro.

Em nós se encontra a chave, a última fronteira inexplorada, o último chamamento, ao qual continuamente recusamos resposta, deixando-nos sós, solitários, abandonados, e eternamente descontentes, queixosos da nossa má sorte, dos erros dos outros, dos abusadores, dos poderes instalados, da infelicidade que somos e tanto adoramos.

A felicidade não é mais que a simples vivência dos sentidos, dos sentimentos, das coisas simples, mas acima de tudo, do que nós somos e do conhecimento que desenvolvemos de nós mesmos, e nos aceitarmos e vivermos cada dia pelo que o dia nos trás hoje, e não pelo que nos pode dar amanhã.

Se hoje terminasse, que triste tería sido o meu caminho: curto, pobre, vazio. Mas nesta curta vida que é a nossa existência neste universo que já se diz com fim, basta um dia, uma consciência mais profunda, para que tudo o resto faça sentido e ganhe um novo alento. Bastaram alguns dias, que perfizeram poucos meses, para tomar consciência do que sou e do que realmente preciso para viver. Se hoje terminasse, teria tido um caminho curto, pobre e vazio, mas com um fim radioso e cheio de sentido, que compensaria uma eternidade de todo o percurso anterior.

O último chamamento veio de dentro para dentro, e a resposta fez-se soar viva e arrebatadora, merecedora de exclamações de aplauso, e o resultado ultrapassou os limites físicos do ser, construíndo estruturas cristalinas de relações saudáveis e duradouras.

Não terminando hoje, há ainda um longo caminho por percorrer. Nesse caminho há ainda muito por onde resvalar, mas muito mais por onde fortalecer e crescer. A felicidade não é algo que dependa do exterior. Já cá está, sempre cá esteve. E hoje, ao vivê-la de forma tão livre e espontânea, encontro o que sempre procurei sem encontrar. Afortunados aqueles que encontraram sem procurar, ou tristes por não saberem o valor do seu achado.

Thursday, May 7, 2009

Fui desafiado... agarrem-se!!!!!




Há dias... na verdade foi há mais de um mês... fui desafiado pela Najla para descrever os meus 7 truques de beleza.

Hum.... eu, truques de beleza.... pois!



Ok! Ok!
Como não gosto de deixar um desafio destes por cumprir... aqui vão os meus... truques (pois)... de beleza.
Mas antes de mais... beleza?




ai ai... estou feito... é que um gajo belo como eu, qual Adônis perdidamente apaixonado por Afrodite, tipo Narciso na sua auto-contemplação, não desvenda assim tão facil e gratuitamente os seus 7 truques fantásticos de beleza... nã nã... que esses são secretos e não se podem divugar assim sem mais nem menos....
...que será depois da minha beleza? Já viram?... passaria a ser banal, ao ponto de deixar de causar torcicolos nos pescoços das fêmeas por quem me cruzo nas ruas deste mundo todos os dias (ou quase)...





Mas como, apesar de tudo, até sou um tipo simpático que gosta de partilhar a sua vasta sabedoria... aqui vai...



1. corto o meu próprio cabelo... assim garanto que não há mais nenhum igual (com o extremo jeitinho de artista que tenho)...

2. não faço a barba... aparo-a, bem rentinho à pele para deixar aquele look de barba por fazer de há... umas horitas... meio rebelde...

3. geralmentre como o que me apetece e quando me apetece, o que me dá esta forma atlética e enxuta... complementada pelo meu vasto leque de exercícios físicos para me manter em forma...

4. não uso produtos de beleza, nem perfumes, nem cremes xpto, nem banhos disto ou daquilo, nem esfoliantes, nem depilo o corpo... assim garanto que a minha forma natural de exímia qualidade brote por todos os meus poros...

5. uso um creme hidratante muito básico quando necessário... em qualquer parte do corpo que dela necessite....

6. na verdade, até que tiro uns pelos aqui e ali, coisa pessoal e que só é passível de ser visto e apreciado por alguém muito especial...

7. nenhuma das anteriores, ou talvez todas elas... mas esta é a única que verdadeiramente importa - estar apaixonado e viver essa paixão todos os dias!



...espero ter sido elucidativo.

Caso tenham alguma dúvida ou necessitem de alguma explicação adicional... estou ao dispor para qualquer esclarecimento.
:D

Tuesday, May 5, 2009

Kamikaze radical...

Já viram o piercing da minha rata?
:D



Nota
: tem as duas orelhas furadas, resultado de uma grande briga com o falecido Houdini.

Sunday, May 3, 2009

Kamikaze... a minha rata...


Eu: Kamikaze...
Kamikaze: Sim?...Eu: Olha... sabes que só agora descobri que afinal és rata? Sempre pensei que fosses um rato...



[algum tempo de assimilação da inesperada descoberta]




Kamikaze: [no comments!]

Friday, May 1, 2009

Quanto tempo...

Quanto tempo precisamos para nos sentirmos satisfeitos pela presença daqueles que amamos?
Quanto tempo será necessário para que se gere aquela sensação de satisfação plena, a agradável sensação de realização...

Há momentos em que apenas alguns minutos bastam para termos a sensação de satisfação. Não é que não preferissimos continuar na cpmpanhia daquela pessoa de quem tanto gostamos, mas algo naqueles breves momentos foi suficiente para nos fazer aguentar o resto do dia sem a sua companhia. Outros momentos há em que nem duas, nem três, nem seis horas bastam... Há sempre algo que falta, um ponto inatingível, que nos deixa quanto baste insatisfeitos e na ânsia de mais um pouco, mais um minuto, o mais de qualquer coisa que não conseguimos bem atingir nem sequer identificar. E sentimo-nos assim, insatisfeios, frustados por algo que nos falta mas nem sabemos o quê, algo que não fluiu como precisávamos. Sentimos aquele pequeno vazio que não conseguimos preencher, mas que quase estivemos lá, quase nos encheu de alegria e felicidade. Algo que nos escapa.

Por vezes, damos tanta importância a certos pseudo-pormenores que nem nos apercebemos que somos nós próprios que bloqueamos o espaço vazio, que lhe vedamos o acesso, e assim evitamos que ele possa ser preenchido. Não reparamos que, na ânsia de buscarmos algo que nos falta ou precisamos, nem cuidamos do momento que vivemos, não o vivemos plenamente e harmoniosamente, e dessa forma nunca nos sentiremos satisfeitos pelo breve mas gostoso contacto.

A sofreguidão de conseguirmos um dado sentimento, o anelo que por vezes se apodera de nós, é muitas vezes inimiga da plenitude com que podemos gozar um breve momento, deixa-nos escapar o mais importante, a essência do momento, da pessoa com quem estamos.

Quanto tempo precisamos para nos sentirmos satisfeitos pela presença daqueles que amamos?
Quanto tempo será necessário para que se gere aquela sensação de satisfação plena, a agradável sensação de realização...
...nenhum!

Nem todo o tempo do mundo bastará se não o vivermos plenamente.
Nenhum tempo específico, pois esse tempo é relativo e depende inteiramente de como vivemos a presença de quem amamos. E por vezes, basta aquele olhar de um segundo, aquele pequeno e breve contacto inaudível, para nos sentirmos no auge do contacto mais íntimo, embrenhados na pessoa que nos acompanha, envolvidos no mesmo universo, na mesma partilha, no mesmo corpo...
...no mesmo sentimento.