Hamster Siberiano.
Branco, cinzento e uma fina lista negra.
Foi um dos dois hamsters que escolhi para me fazerem companhia.
Ao príncipio ganhei-lhe aversão. Era arisco, agressivo, rezingão. Rapidamente começou a violentar o parceiro, que para além de bastante ensanguentado ganhou um valente piercing numa das orelhas. Tive de o retirar da gaiola - um T3 gigantesco para dois hamsters, com tubos e roda giratória, casa, água, comida....
Coloquei-o temporariamente numa caixa de sapatos, com comida, água e um refúgio com material para fazer a sua cama. De nada adiantou. Rapidamente conseguiu fazer um buraco para escapar. Apanhei-o a tempo durante a noite, tal não era o barulho de roer o cartão duro da caixa.
Segunda temtativa... coloquei-o num tacho velho em desuso, cuja altura era o dobro dele de pé... e esticado. Mais a comida, água, etc. Pouco durou... de alguma forma misteriosa conseguiu escapar. Andou desaparecido durante 3 dias. Procurei e não encontrei. Nem rasto, nem cagadelas para sinal de vida, nem nada. Nem mesmo com um monte de comida estrategicamente colocada.... nada! A empregada limpou a casa toda, também procurou... e nada!
Convenci-me de que tinha efectivamente escapado. Enfim... também não lhe tinha grande estima. O raio do bicho não parava quieto, era violento, agressivo e rezingão. Se queria desaparecer, pois que fosse feliz. Pronto... fiquei um pouco triste, mas de facto não lhe tinha grande estima. E ao menos assim já não tinha de comprar outra gaiola.
No entanto, ao fim de três dias, eis que ele aparece na sala... anda calmamente meio metro, pára, levanta as patas da frente, olha a toda a volta, cheira o ar, volta a andar calmamente mais meio metro, pára, levanta as patas da frente.... Fui ter com ele, apanhei-o, ou deixou-se apanhar, e nem refilou muito. Coloquei-o de volta no tacho, mas tratei de encontrar uma caixa de cartão com meio metro de altura. Coloquei tudo o que tinha direito, e até uns tubos para ele se entreter. Comeu e bebeu como se não houvesse amanhã. Raio do bicho., estava faminto.
Ganhou nome - Houdini.
Depois ganhou outro... Rezingão. Assim ficou, Houdini Rezingão.
Continuava agressivo, e muito mas mesmo muito rezingão. Tentou inúmeras proezas para escapar, e até conseguiu fazer mais um buraco no cartão grosso... mas desta vez eu andava atento. Um buraco, uma revista de meio centimetro e bem rija a tapar. Uma escalada, mais um obstáculo. E assim por diante.
É engraçado, refilava, mas deixava-se pegar. Ameaçava morder e arranhar, tal não era o barulho ameaçador que produzia e a posição de defesa Aikido, de garras em riste e dentes em posição de ataque. Mas lá se deixava pegar. E uma vez na mão, cheirava e partia à descoberta do braço, ombro, e assim por diante... Não parava quieto. E nunca mordeu.
Dentro da caixa chegava a fazer sapateado. Sim... sapateado! Pronto, não era sapateado, mas punha-se de pé a olhar para mim e batia com as patas de trás no chão alternadamente e tão rápido que o som parecia sapateado, e de vez em quanto ía girando ao mesmo tempo, tipo aquelas bonecas bailarinas das caixinhas de música. Também dava pulos, e por vezes caía enquanto olhava para cima. Cada vez que lhe chegava a mão, refilava, ameaçava, mas deixava-se pegar e logo partia à descoberta do que pudesse. Não parava quieto, na caixa ou na mão. Durante a noite a caixa parecia uma serração.... toda a noite! Roeu revistas e cartões como se fosse vital para viver.
Ganhei-lhe gosto. Afeiçoei-me. Era fantástico, e sentia um orgulho enorme no Houdini. Já planeava a gaiola para ele.
Faleceu hoje, dia 25, às 2:45 da manhã.
Sofreu de prolapso rectal.
Num dia estava optimo. No dia seguinte tinha centimetro e meio de intestino de fora. Preocupado e sem saber do que se tratava, procurei na net. Encontrei inúmeros casos, quase todos fatais. O Houdini mal reagia, nem refilava. Deixava-se estar quieto, enrolado em si no centro da cama que ele próprio tinha preparado num local diferente daquele que eu lhe tinha destinado - o bicho era mesmo do contra!
Procurei mais informação, mas a esperança era curta, e o fim mais provavel era uma eutanásia. Mesmo em caso de sucesso de uma cirurgia, a recuperação não era garantida num caso tão avançado. E ainda teria de aguardar meio dia para ser assistido. A maioria dos sites adiantavam poucas horas e vida sem tratamento, e uma semana ou duas em caso de cirurgia. Raros eram os casos de sucesso.
Depois de muito pensar e analisar, tomei a decisão de acabar com o sofrimento. Uma dose de alcool e um Aspergic 1000 dados a custo deram conta do recado. Foi engolindo e perecendo, até que deixou de bater o coração.
Éra um hamster. Apenas isso. Um rato!
Nada de mais.
A principio custou-me o sofrimento do bicho e a perda do Houdini. Mas no fim, doeu-me a forma como sofreu, a resistência ao cocktail e o ultimo movimento que lhe senti. Fiquei triste, e observei-o durante alguns minutos. Quis ter a certeza de que estava mesmo morto. Não podia correr o risco de estar somente inconsciente. Passados longos minutos estava oficializada a morte. Limpei-o dos restos do cocktail dentro de água, e assim mais uma vez garanti que não respirava.
Sentimentalismos, mas que fazer?
Somos assim mesmo...
Dos dois, resta o Kamikaze. O outro hamster siberiano. Mas desse falarei noutra altura, e espero que por motivos diferentes.
Branco, cinzento e uma fina lista negra.
Foi um dos dois hamsters que escolhi para me fazerem companhia.
Ao príncipio ganhei-lhe aversão. Era arisco, agressivo, rezingão. Rapidamente começou a violentar o parceiro, que para além de bastante ensanguentado ganhou um valente piercing numa das orelhas. Tive de o retirar da gaiola - um T3 gigantesco para dois hamsters, com tubos e roda giratória, casa, água, comida....
Coloquei-o temporariamente numa caixa de sapatos, com comida, água e um refúgio com material para fazer a sua cama. De nada adiantou. Rapidamente conseguiu fazer um buraco para escapar. Apanhei-o a tempo durante a noite, tal não era o barulho de roer o cartão duro da caixa.
Segunda temtativa... coloquei-o num tacho velho em desuso, cuja altura era o dobro dele de pé... e esticado. Mais a comida, água, etc. Pouco durou... de alguma forma misteriosa conseguiu escapar. Andou desaparecido durante 3 dias. Procurei e não encontrei. Nem rasto, nem cagadelas para sinal de vida, nem nada. Nem mesmo com um monte de comida estrategicamente colocada.... nada! A empregada limpou a casa toda, também procurou... e nada!
Convenci-me de que tinha efectivamente escapado. Enfim... também não lhe tinha grande estima. O raio do bicho não parava quieto, era violento, agressivo e rezingão. Se queria desaparecer, pois que fosse feliz. Pronto... fiquei um pouco triste, mas de facto não lhe tinha grande estima. E ao menos assim já não tinha de comprar outra gaiola.
No entanto, ao fim de três dias, eis que ele aparece na sala... anda calmamente meio metro, pára, levanta as patas da frente, olha a toda a volta, cheira o ar, volta a andar calmamente mais meio metro, pára, levanta as patas da frente.... Fui ter com ele, apanhei-o, ou deixou-se apanhar, e nem refilou muito. Coloquei-o de volta no tacho, mas tratei de encontrar uma caixa de cartão com meio metro de altura. Coloquei tudo o que tinha direito, e até uns tubos para ele se entreter. Comeu e bebeu como se não houvesse amanhã. Raio do bicho., estava faminto.
Ganhou nome - Houdini.
Depois ganhou outro... Rezingão. Assim ficou, Houdini Rezingão.
Continuava agressivo, e muito mas mesmo muito rezingão. Tentou inúmeras proezas para escapar, e até conseguiu fazer mais um buraco no cartão grosso... mas desta vez eu andava atento. Um buraco, uma revista de meio centimetro e bem rija a tapar. Uma escalada, mais um obstáculo. E assim por diante.
É engraçado, refilava, mas deixava-se pegar. Ameaçava morder e arranhar, tal não era o barulho ameaçador que produzia e a posição de defesa Aikido, de garras em riste e dentes em posição de ataque. Mas lá se deixava pegar. E uma vez na mão, cheirava e partia à descoberta do braço, ombro, e assim por diante... Não parava quieto. E nunca mordeu.
Dentro da caixa chegava a fazer sapateado. Sim... sapateado! Pronto, não era sapateado, mas punha-se de pé a olhar para mim e batia com as patas de trás no chão alternadamente e tão rápido que o som parecia sapateado, e de vez em quanto ía girando ao mesmo tempo, tipo aquelas bonecas bailarinas das caixinhas de música. Também dava pulos, e por vezes caía enquanto olhava para cima. Cada vez que lhe chegava a mão, refilava, ameaçava, mas deixava-se pegar e logo partia à descoberta do que pudesse. Não parava quieto, na caixa ou na mão. Durante a noite a caixa parecia uma serração.... toda a noite! Roeu revistas e cartões como se fosse vital para viver.
Ganhei-lhe gosto. Afeiçoei-me. Era fantástico, e sentia um orgulho enorme no Houdini. Já planeava a gaiola para ele.
Faleceu hoje, dia 25, às 2:45 da manhã.
Sofreu de prolapso rectal.
Num dia estava optimo. No dia seguinte tinha centimetro e meio de intestino de fora. Preocupado e sem saber do que se tratava, procurei na net. Encontrei inúmeros casos, quase todos fatais. O Houdini mal reagia, nem refilava. Deixava-se estar quieto, enrolado em si no centro da cama que ele próprio tinha preparado num local diferente daquele que eu lhe tinha destinado - o bicho era mesmo do contra!
Procurei mais informação, mas a esperança era curta, e o fim mais provavel era uma eutanásia. Mesmo em caso de sucesso de uma cirurgia, a recuperação não era garantida num caso tão avançado. E ainda teria de aguardar meio dia para ser assistido. A maioria dos sites adiantavam poucas horas e vida sem tratamento, e uma semana ou duas em caso de cirurgia. Raros eram os casos de sucesso.
Depois de muito pensar e analisar, tomei a decisão de acabar com o sofrimento. Uma dose de alcool e um Aspergic 1000 dados a custo deram conta do recado. Foi engolindo e perecendo, até que deixou de bater o coração.
Éra um hamster. Apenas isso. Um rato!
Nada de mais.
A principio custou-me o sofrimento do bicho e a perda do Houdini. Mas no fim, doeu-me a forma como sofreu, a resistência ao cocktail e o ultimo movimento que lhe senti. Fiquei triste, e observei-o durante alguns minutos. Quis ter a certeza de que estava mesmo morto. Não podia correr o risco de estar somente inconsciente. Passados longos minutos estava oficializada a morte. Limpei-o dos restos do cocktail dentro de água, e assim mais uma vez garanti que não respirava.
Sentimentalismos, mas que fazer?
Somos assim mesmo...
Dos dois, resta o Kamikaze. O outro hamster siberiano. Mas desse falarei noutra altura, e espero que por motivos diferentes.