Sunday, November 16, 2008

Pinguins vs. Humanidade

Esta semana adquiri mais um livro de fotografias. Este foi mais um do Frans Lanting. O livro chama-se Penguin, e trata-se de um trabalho fotográfico sobre as diversas espécies de pinguins, de como vivem, do seu meio envolvente, dos seus hábitos, ou melhor dizendo, daqueles que são passíveis de serem retratados em fotografia.

Como excelente fotógrafo que é o Frans, não posso deixar de ficar maravilhado ao folhear este pequeno livro, não só pela excelente qualidade fotográfica como, e principalmente, pela forma quase humana com que os pinguins se vêm retratados.

As imagens demonstradas dão-nos a sensação de que estas pequenas aves têm comportamentos a que estamos só habituados a ver em seres humanos. Ou então, talvez os papeis se estejam a inverter, e nós, ditos seres humanos, estejamos a perder a nossa essência humana.

E invertendo-se a humanidade da nossa essência, talvez o restício de saudosismo que ainda conservamos nos leve a agraciar estes pequenos gestos nos demais seres animais que nos rodeiam com tremendas reverências de humanidade, quando na verdade são gestos normais entre seres sociais que se estimam e de entre os quais se dependem.

E pensar que a nossa humanidade, aquela que tanto defendemos como supra-racial, é também a força destruídora dos habitats destas fantásticas aves, assim como de tantos outros animais e insectos neste mundo.


Seremos assim tão humanos?

Wednesday, November 5, 2008

Paixão pelo trabalho?...

A paixão pelo trabalho é imperativa?

Numa altura em que muito se discute sobre a competitividade, produtividade, as condições de trabalho, métodos organizacionais, estratégias empresariais e crises económicas, não estaremos a negligenciar o mais importante?

No meio de tantas teorias e reorganizações, muitas vezes esquecemo-nos daquele factor x, ou subestimamos a sua importância, que é aquele que verdadeiramente nos impulsiona a ser brilhantes e a fazer toda a diferença. Levantamo-nos de manhã cedo (pelo menos alguns), cumprimos todos os rituais e obrigações, deslocamo-nos para o local de trabalho, assimilamos obstáculos, problemas e dificuldades, encontramos soluções, discutimos estratégias, implementamos normas e, por fim, voltamos a casa (pelo menos alguns), para aquele ambiente familiar e, normalmente, reconfortante, contentes por ter sobrevivido mais um dia, e cooperado para mais um passo em frente no que quer que seja em que nos vejamos envolvidos profissionalmente. Os dias passam, e ao fim de algum tempo passamos os dias como máquinas, fiel a metodicamente a executar todas as nossas funções profissionais, tipo robots programados para todas as eventualidades, prejuízos e sucessos alcançados, e por fim lá nos tornamos resistentes à mudança, àquele pequeno abalo na nossa rotina quotidiana.

No entanto, algo de mágico sucede com constante ocorrência quando nos envolvemos em projectos pessoais, sejam estes de carácter lúdico ou não. Tornamo-nos mais pró activos, mais dispostos à mudança, menos exaustos, mais enérgicos, e questionamos, sempre, se não poderemos melhorar o que estamos a fazer, seja essa melhoria meramente processual ou até técnica. Encontramo-nos em constante recriação, e sentimo-nos bem por isso.

A ideia de que o local de trabalho é algo mecânico e muito sério é, simplesmente, retrógrada. E apesar disso, é precisamente essa a ideia que vinga, entenda-se como aplicação prática como norma, na maioria dos casos.

Afinal, não será a nossa criatividade, o nosso pequeno génio, as constantes mudanças, que dão origem às melhores performances? Não será a paixão que nos faz conseguir tudo isso? Hoje, ainda muitas empresas aplicam normas demasiado rígidas tornando-nos todos iguais, e muito desapaixonados. É diminuto o investimento no seu capital mais valioso, e o incentivo a uma atitude corporativa clonada é desmesurada. Por um lado compreende-se essa estratégia de gestão de pessoal, mas algo de muito valioso se perde no capital humano.

Por coincidência, quando criava este artigo, estava a decorrer no Centro de Congressos do Estoril o SAP Business Forum, onde um dos oradores convidados foi o Gary Hamel (www.garyhamel.com). Assim, decidi substituir a conclusão deste artigo por uma ideia deixada por este especialista da estratégia empresarial, no início da sua intervenção no evento.

O que é que os gestores de topo mais procuram nos seus colaboradores? Obdiência, inteligência e diligência. Mas a verdade é que tudo isso também se consegue obter de um cão!

A diferenciação entre as pessoas pela obdiência, inteligência e diligência é dificil de se atingir. Por forma a que se consiga derrotar a popularização, a perda de diferenciação, as empresas vêem-se obrigadas a disponibilizar um valor único aos seus clientes, que só pode ser conseguido através de colaboradores com iniciativa, criatividade e zelo pela sua profissão no seu dia-a-dia.