Há momentos de mudança.
Momentos em que, mesmo não apetecendo, lá terá de ser.
Momentos em que, mesmo não querendo, não há volta a dar.
Mas também momentos em que se quer, efectivamente, mudar.
O problema com a mudança é que, por vezes, sabemos para onde e como queremos mudar, mas não conseguimos, como se algo mais forte nos agarrasse ao chão e nos prendesse as pernas e nos toldasse o espírito. Mas também há outras vezes em que não sabemos para onde nem como mudar, mas sabemos que, ainda assim, queremos e temos de mudar.
A mudança trás vantagens, revela-nos quem realmente somos, realça aspectos da nossa personalidade até aí desconhecidos. Coloca-nos desafios, coloca-nos perante obstáculos, por vezes até intransponíveis, ou aparentemente, mas faz-nos crescer e desenvolve a nossa criatividade. A mudança também trás dissabores, cansaço, exaustão, uma insegurança constante, medos e receios, abre feridas, e parte-nos a alma.
Mas o que seria de nós sem mudança?
Ainda hoje andaríamos a navegar em náus em vez de aviões, não...ainda hoje não tinhamos descoberto o chocolate e assim desconhecíamos o prazer reconfortante de um chocolate quente numa noite fría e húmida de inverno, não...ainda hoje éramos nómadas e caçávamos para comer, não...ainda hoje...
O que é faz com que as pessoas se agarrarem ao passado de uma forma tão vincada que neguem qualquer mudança, quer nelas quer no meio envolvente? Porque é que não aceitam que, sim, foi bom, mas está na altura de fazer algo diferente, algo de novo!
O status quo é um exemplo disso. Alguém que encontra um lugar ou posição confortável e deixa de evoluír por considerar que atingiu o nirvana. O problema surge quando mais alguém quer esse lugar, ou outro superior, e tem de criar e provocar algo de novo - uma mudança. E aí, o status quo faz uso de todo o seu peso e influência para aniquilar esse processo de mudança, ao invés de se recriar também. É que a mudança dá trabalho, bolas!
Mas a mudança é o que nos faz ser grandes, é o que nos faz evoluír, é o que nos faz conhecer o mundo e os outros, mas essencialemnet a nós próprios. E não há nada mais deprimente que aquelas pessoas que não mudam nunca, que sentem um medo de arriscar e se descobrir. Que são hoje, o que eram ontem, e o que eram há 40 anos.
Todos achamos linda e maravilhosa aquela pessoa que reencontramos 30 ou 40 anos depois, e que está no mesmo sitio, com o mesmo ofício, com o mesmo estilo de roupa e na mesma posição... apenas com um aspecto mais velho, umas rugas e expressão típica da sua nova idade.
Eu, pessoalmente, acho fabuloso que algumas pessoas consigam manter essa imagem durante tanto tempo, desde que a façam com gosto e alegria.
Mas o que está aqui em jogo é que a mudança não se restringe à mudança de ofício, ou da aparência, mas sim, e acima de tudo e sem qualquer margem de recuo, à mudança do espírito, à mudança da forma de pensar e encarar as vicissitudes da vida.
Essa é que é a verdadeira mudança!
Aquela pessoa maravilhosa que reencontramos 30 ou 40 anos depois, pode parecer a mesma, mas pode ter mudado ao longo da sua vida até atingir o seu potencial máximo. Quantos de nós passamos uma vida a mudar de aparência para no fim ficarmos sempre da mesma pequena e tacanha dimensão?
As mudanças podem ser dissimuladas ou invisíveis, ou arrojadas e de mochila às costas. Podem ser meramente interiores, ou incluir piercings e tatuagens. Por vezes, uma mudança exterior ajuda uma mudança interior. Mas façam o que fizerem... ...o importante é que mudem!
Mudar muito! E, se possível, mudar bem!
Mudar pelo vosso bem e de todos os que vos rodeiam.
Mudem!
Este ano decidi fazer algumas mudanças na minha vida. Nem todas com sucesso, e nem todas chegaram a ver a luz do dia. Por vezes, mudar não é fácil, e sinto que me deixei adormercer por demasiado tempo. Mas com calma e paciência, as mudanças vão-se concretizando. E um dia olhamos para trás e vemos o quanto evoluímos e crescemos.
Esta semana, dei inicio a mais um ciclo de mudança. Um ciclo que vai durar alguns anos. Não será o último, e será acompanhado de mais mudanças ainda.
Espero, daqui a um ano, estar-vos a escrever na mesma pessoa, mas como uma renovada pessoa.
"O progresso é impossível sem mudança. Aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada."
George Bernard Shaw
...e para os menos progressistas:
"A life spent making mistakes is not only more honorable, but more useful than a life spent doing nothing."
George Bernard Shaw