Podem ser bonitas, feias, ou nem por isso esteticamente relevantes. Podem desencadear espanto, admiração, alegria ou simplesmente uma agradável sensação de leveza e harmonia.
Os gregos da antiguidade acreditavam que a alma de uma pessoa, que abandonava o corpo após a morte, se tornava numa borboleta.
As borboletas são sinónimo de várias situações, sinónimo de mudança pela sua metamorfose, de feminilidade pela sua aparente fragilidade (e isto porque, culturalmente, quer se goste ou não, concorde ou discorde, a fragilidade ainda se encontra intimamente ligada à mulher), sinónimo também de sensibilidade pela sua leveza e forma, de beleza pela sua combinação de cores, tons e formas gráficas muitas vezes absolutamente incríveis...
A minha favorita continua a ser a borboleta azul, da América latina central. Não sendo preenchida de glamour com panóplias de cores e desenhos vários, tem um tom azul hipnotizante, brilhante, e erradia algo de absolutamente fantástico e misterioso. É enorme, para o que estamos habituados a ver numa borboleta, e vê-la ao vivo no seu habitat natural foi uma experiência com uma sensação bastante tranquilizadora. E nunca encontrei uma fotografia que lhe fizesse justiça.
No entanto, julgo que o aspecto mais relevante numa borboleta é a sua total metamorfose, e todas as etapas que passa ao longo da sua vida. A borboleta passa por quatro estágios, desde o ovo, à larva, a pupa (ou casulo) e a fase adulta. Na passagem por estas quatro fases a borboleta tem hábitos, formas e dietas totalmente diferentes. O seu ciclo de vida pode ser desde um mês até um ano, consoante as espécies. E quanto à fragilidade, esta pode viajar por mais de 3.000 km sem parar, com todas as contrariedades meteorológicas já conhecidas.
A metamorfose é a inspiração mais relevante na minha opinião, a mais significativa, a que mais nos move e atrai. É a demonstração de mudança de um estágio para outro, seja ele qual for, psicológico ou físico, profissional ou pessoal, culminando em algo absolutamente belo e complexo ao mesmo tempo, mas de uma simplicidade contraditória. E nós, como seres humanos pensadores (ou supostamente) tendemos a usar de metáforas para descrevermos ou exemplificarmos a nossa própria necessidade, ou desejo, de mudança, através das mudanças que presenciamos no mundo que nos circunda.
E a sensação de liberdade e harmonia que esta mudança induz, é a mais cativante...
de: Raphael Ibanez de Garayo
Nota: quem não conseguir ver aqui, dirija-se a http://www.raphaelibanez.com/
Basta escolher a opção "Short Films/Doc", e depois a segunda imagem da primeira fila.